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O sal nosso de cada dia

Wednesday, February 5, 2014

Cloretodesódiofóbicos, sal faz bem à saúde.

Bem, ao menos é o que a Cecília adverte, explicando a razão pela qual eu compro sal com muito cuidado e carinho.

Houve um período, distribuído em muitas semanas, em que a Cecília lambia o saleiro. Ela aparecia na cozinha determinada, sabida das necessidades do seu pequeno corpo e ia direto até o armário *possuir* o saleiro. Lambia ou passava o dedinho nos minúsculos grãos rosados e saía pela sala feliz com sensação de dever cumprido. Minha primeira reação foi a de vetar tamanho engenho, pois martelaram na nossa cabeça que sal faz mal, que está relacionado à pressão alta e tantos outros problemas. Minha segunda e definitiva reação foi a de observar. E observei que não acontecia todo dia, e mesmo quando acontecia era uma lambida ou duas e que muito provavelmente Cecília estivesse cuidando de uma necessidade de seu corpo. Corrigindo alguma deficiência ou pequena falta não sanada pela alimentação caseira ou pelo seu processo digestivo.

O nosso corpo sabe.

Em 1983 uma pesquisa que foi publicada no Journal of the American Medical Association revelou que o sal não tem efeito significativo na pressão sanguínea da maioria das pessoas. Outro estudo, desta vez de 1930, mostrou que a falta e deficiência de sal na dieta pode trazer muitos problemas para a saúde. Sally Fallon em seu livro Nourishing Traditions conta que a maioria das sociedades tradicionais faziam uso de algum tipo de sal. O sal oferece não só o sódio mas o cloreto que é fundamental na produção do ácido hidroclórico muito importante para o funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. O cloreto também atua na ativação da amilase responsável pela digestão de alimentos ricos em carboidratos. Cada corpo uma sentença. Em alguns, o excesso de sal pode levar a uma perda grande de cálcio pela urina contribuindo para a osteoporose. Em outros pode levar a uma deficiência de potássio. Já outras pessoas necessitam de mais sal para ajudar a produzir enzimas intestinais, principalmemte nas culturas que consomem boa parte de seus alimentos cozidos.

Tão branco e puro, mas tão vazio

O processo de fabricação do sal de mesa é tão empobrecedor quanto qualquer outro processo da indústria de alimentos que envolve química pesada e alta temperatura. Neste processo todos os sais minerais e de magnésio presentes na água do mar são removidos dos grãos. Componentes do alumínio são empregados para dar ao sal o aspecto seco que conhecemos. Para repor o iodo perdido na refinação é adicionado iodeto de potássio que em quantidades altas pode ser tóxico. Efeito dominó, vejam só. Para controlar o efeito volátil do iodeto adiciona-se dextrose que pinta os grãos de sal de roxo. O sal então passa por um processo de clareamento, "refinamento" para restaurar sua cor branca. Sal de mesa? Não obrigada.

Sol e mar

Uma das melhores e mais ricas formas de extração salina acontece por meio do sol e é feita seguindo práticas ancestrais.  Quando o sal é permitido secar com a ajuda dos raios solares ele não só mantém a sua integridade como preserva o iodo orgânico presente na vida marinha dos oceanos. De acordo com Sally Fallon, este sal natural contém em torno de 82% de cloreto de sódio, 14% de macro minerais, principalmente magnésio e 80% de micro minerais (oligoelementos). Um dos maiores problemas de saúde relacionados à deficiência de iodo é o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Uma outra maneira saudável de consumir iodo é através dos caldos de carne e ossos que além do iodo possuem magnésio e potássio além de outros micro minerais. Caldos feitos com carcaça de peixe também são uma maneira nutritiva de fortalecer e apoiar a tireoide.

FALLON, Sally. Nourishing Traditions: the cookbook that challenges politically correct nutrition and the diet dictocrats. New Trends Pub., 1999.

Dieta tradicional segundo Weston A. Price

Wednesday, November 27, 2013

Foi na minha linha do tempo do Facebook que eu li pela primeira vez sobre a dieta tradicional estudada pelo dentista americano Weston A. Price. Já fazia um tempinho que eu havia lido o livro What's Eating your Child e feito alguns ajustes na nossa dieta, especialmente na do David, excluindo o suco de laranja comprado pronto (e acreditem, até as melhores marcas vendem um produto muito inferior comparado ao feito em casa), o American cheese adorado pelo David (ainda que orgânico) e alguns biscoitos (também orgânicos) e limitado o consumo de pão mesmo que integral. Então quando resolvi me aprofundar nos estudos do Weston Price não foi difícil incorporar os seus ensinamentos e lapidar ainda mais a nossa dieta. Em seu livro de nutrição e antropologia Nutrition and Physical Degeneration ele relata o que documentou em anos de viagens e pesquisas estudando e observando a dieta tradicional de sociedades remotas (primitivas/nativas) espalhadas pelo globo (suíços, gaélicos, esquimós; nativos da América do Norte, da Malásia, Polinésia; tribos africanas, aborígenes australianos, maoris e peruanos isolados ou em convívio com a civilização) que se encontravam em processo de transição das suas dietas integrais nativas para a dieta vinda de fora e rica em alimentos refinados e processados e o impacto destas mudanças na saúde dos indivíduos.

Este livro marcou um momento super importante em que eu questionava o rumo que a minha dieta estava tomando (entre o resgate do vegetarianismo e o  breve período de veganismo) e serviu para eu me certificar de que muitas das minhas crenças e intuições com relação a nossa alimentação, bem como as necessidades das nossas três crianças,tinham uma origem sólida, antiga e tradicional. Em um mundo repleto de informações e dietas é bom, vez ou outra, se sentir seguro na sua escolha.

Características da dieta tradicional tal como na página da fundação em tradução livre (tradução não é o meu forte, tenham paciência comigo)

1. A dieta dos povos primitivos e comunidades não-industrializadas saudáveis não contém alimentos refinados como açúcar refinado ou xarope de milho; trigo refinado; comida enlatada; leite pasteurizado ou homogeneizado, magro ou sem gordura; óleo vegetal refinado ou hidrogenado; suplementos proteicos; vitaminas artificiais ou aditivos químicos e corantes.

2. Todas as culturas tradicionais consumiam algum tipo de proteína animal e gordura de peixe ou outros frutos do mar; água doce e aves; animais da terra; ovos; leites e derivados; répteis e insetos.

3. Dietas primitivas contém pelo menos quatro vezes mais cálcio e outros minerais e DEZ vezes mais vitaminas solúveis em gorduras de origem animal que a dieta americana padrão.   

4. Em todas a culturas tradicionais, alguns produtos animais são consumidos crus.

5. Dietas primitivas e tradicionais têm um teor elevado de enzimas provenientes de laticínios in natura (que não foram pasteurizados), carne e peixe crus, mel in natura, frutas tropicais, óleos prensados a frio, vinho e cerveja não pasteurizados, vegetais, frutas, bebidas, carnes e condimentos naturalmente preservados.

6. Sementes, grãos e nozes são deixados de molho, germinados e fermentados com a finalidade de neutralizar antinutrientes tais como: ácido fítico, inibidores enzimáticos, taninos e carboidratos complexos.

7. O conteúdo total de gordura das dietas tradicionais variavam de 30% a 80% mas apenas 4% das calorias decorriam de óleos poliinsaturados provenientes de grãos, legumes, nozes, peixes, gorduras animal e vegetal. O equilíbrio das calorias de gordura se dava na forma dos ácidos graxos saturados e monoinsaturados. Em outras palavras, viva as gorduras tradicionais.  

8. Dietas tradicionais contêm praticamentes as mesmas quantidades dos ácidos graxos essenciais omega-6 and omega-3.

9. Todas as dietas primitivas fazem uso de algum tipo de sal.

10. Culturas tradicionais consomem ossos animais, geralmente na forma de caldos ricos em gelatina.

11. Culturas tradicionais preparam provisões tendo em vista a saúde das gerações futuras (oferecendo alimentos  ricos e nutricionalmente densos para futuros pais, gestantes e crianças),  respeitando o espaço de tempo entre uma gestação e a outra e ensinando os princípios de uma dieta correta para os pequenos.

Guia para a saúde

1. Coma alimentos integrais, naturais.

2. Coma apenas comida que estraga e cuja validade expira, mas coma antes que isto aconteça. ;-)

3. Coma carnes, incluindo peixe, frutos do mar, aves, carne vermelha, de caça, órgãos e ovos orgânicos, de animais que vivem o mais próximo possível de seu habitat natural, favorecendo agricultura e pesca sustentável e local.

4. Beba leite integral, fresco/in natura de vacas de pastagem, principalmente bebidas fermentadas como kefir, iogurte, manteiga com culturas vivas, queijos frescos, coalhada e creme azedo (sour cream).

5. Use apenas gorduras tradicionais e óleos incluindo manteiga e gorduras animais, azeite de oliva extra virgem, óleo de semente de gergelim extraído a frio, óleo de semente de linhaça e óleos tropicais, de palma e coco que não tenham passado por refinamento e de preferência orgânicos.

6. Coma frutas frescas e vegetais, de preferência orgânicos, em saladas e sopas ou levemente no vapor.

7. Use grãos integrais, nozes e sementes que foram prepadadas seguindo métodos tradicionais de deixar de molho de um dia para o outro e de germinação para neutralizar o ácido fítico e outros antinutrientes.

8. Inclua vegetais, frutas, bebidas e condimentos lacto-fermentados em sua dieta regularmente.

9. Prepare caldos caseiros a partir de ossos de carnes, galinhas, cordeiro e peixes e use sem restrição em sopas e molhos.

10. Use chás de ervas e substitutos de café com moderação.

11. Use água mineral filtrada para cozinhar e beber.

12. Use sal marinho que não tenha sido refinado e uma variedade de ervas e temperos para estimular o apetite.

13. Faça o seu próprio molho para saladas usando vinagre virgem, azeite de oliva extra virgem e azeite de linhaça.

14. Use adoçantes naturais com  moração, como mel, melaço, maple syrup, cana desidratada e stevia.

15. Use somente vinho e cerveja não pasteurizado durante as refeições e com moderação.

16. Cozinhe somente em panelas de aço inoxidável, ferro, vidro e esmalte de boa qualidade.

17. Use apenas suplementos naturais (não sintéticos) na forma de óleo de fígado de bacalhau, por exemplo.

8. Durma bem muitas horas, faça exercícios e tome banhos de sol.

19. Cultive pensamentos positivos e minimize estresse.

20. Pratique o perdão.  

Guia de tudo que faz mal e deve ser evitado   

1. Não coma alimentos processados como biscoitos, bolos, bolachas, congelados, molhos prontos, etc.

2. Evite todo e qualquer tipo de açúcar refinado incluindo xarope de milho.

3. Evite farinha de trigo refinada e derivados e arroz branco*.

4. Evite toda e qualquer gordura vegetal hidrogenada e óleos e gorduras parcialmente hidrogenadas.

5. Evite todos os óleos feitos a partir da soja, do milho, da canola ou de sementes de algodão.

6. Não use óleos poliinsaturados para cozinhar, refogar ou assar.

7. Evite comidas fritas.

8. Não pratique veganismo; alimentos de origem animal oferecem nutrientes vitais não encontrados em plantas e vegetais.

9. Evite produtos que contenham proteína em pó.

10. Evite leite pasteurizado; não consuma leite magro, sem gordura, em pó ou imitações de leite. O processo de pasteurização, em linhas gerais, transforma o leite em um alimento morto. Mais sobre o assunto aqui.

11. Evite ovos e carnes provenientes de fábricas, onde os animais passam a vida encarcerados.

12. Evite frios e embutidos altamente processados, cheios de MSG (glutamato monossódico) e outros ingredientes químicos.

13. Evite sementes, grãos e nozes velhos encontrados en granolas, cereais, pães prontos, já que eles blocam a absorção de minerais e causam estresse intestinal.

14. Evite frutas e vegetais em latas e  geneticamente modificados.

15. Evite alimentos artificiais, especialmente MSG (glutamato monossódico), proteína vegetal hidrolizada e aspartame, que são neurotoxinas. A maioria das sopas, molhos e caldos prontos contém MSG, mesmo que não conste no rótulo.

16. Evite bebidas ricas em cafeína como café, chá. Evite chocolate.

17. Evite alimentos que contenham alumínio como sal comercial, fermento em pó e antiácidos. Não use panelas que com alumínio e desodorantes.

18. Não beba água com flúor.

19. Evite vitaminas sintéticas e alimentos enriquecidos com as mesmas.

20. Não beba liquor destilado.

21. Não use microondas. 

*Após mais de uma década comendo e defendendo o consumo do arroz integral, hoje posso dizer com segurança: estava fazendo tudo errado. Rá! Nunca deixei o arroz de molho, nem nunca germinei os meus grãos, e passei tanto tempo excomungando o gostoso arroz branquinho e fofinho da infância. Qual é o lance com o arroz integral quando não preparado corretamente? Ácido fítico que inibe a absorção de minerais importantes, excesso de fibras que podem causar estresse intestinal e por fim, gordura poliinsaturada presente no germe do grão que se trata de uma gordura instável e que estraga facilmente. Quer preparar corretamente, deixe de molho por 24 horas em água morna (processo de fermentação), reserve 10% da água de arroz (fermentada) para a próxima vez que for deixar arroz de molho e assim por diante.Após as 24 horas, escorra toda a água e cozinhe o arroz como de costume. Ele também pode ser deixado de molho por menos tempo, entre 6-12 horas. Diferente do arroz integral, o arroz branco é de fácil digestão e não exige tantas etapas no preparo. Preocupado com o perfil nutricional do mesmo? É só cozinhá-lo com caldos caseiros, ricos em nutrientes incluindo gelatina e minerais.
E assim acabei de ir contra o sábio ensinamento do Sr. Price de evitar o arroz branco. :-)

Salve a moderação.

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