Vinagre folclórico

Thursday, October 2, 2014

Toda boa receita vem sempre acompanhada de uma boa história e sendo assim eu não poderia deixar de registrar aqui este vinagre dos magos. ;-)

O vinagre dos quatro ladrões

Quando a peste negra devastou a cidade de Marselha, no século XVII, diz-se que um bando de ladrões de túmulos *sortudos* escapou do que teria sido uma doença inevitável e posterior morte cobrindo seus corpos e embebendo suas máscaras em um vinagre de ervas com forte propriedades antibactericidas e antivirais. Inicialmente, como conta o folclore francês, ninguém ficou muito preocupado com os ladrões que roubavam as casas das vitimas da peste negra porque os sobreviventes assumiram que a praga inevitavelmente iria infectar e matar os malandros também. Mas isso não aconteceu.
Os ladrões continuaram a assaltar as casas e túmulos dos mortos sem punição até que finalmente foram apanhados no meio de seus atos, julgados e levados para serem queimados na fogueira. Os juízes,  spantados com a imunidade dos ladrões e atitude aparentemente indiferente para com a praga que devastou a comunidade de forma tão severa, ofereceram aos ladrões uma barganha: em troca de contarem a causa de sua imunidade, os ladrões seria enforcados em vez de queimados na fogueira - um final menos brutal e mais rápido. ! Os ladrões concordaram e entregaram a receita para o seu elixir. A lenda continua a crescer desde então. Embora exista muitas receitas para o vinagre dos quatro ladrões, não há como apontar qual seria a receita mais precisa. Acredita-se que a receita escrita por Jean Valnet, um aromaterapeuta renomado e fitoterapeuta do início do século 20, se assemelha à original mais do que qualquer outra. Em sua receita ele faz uso das seguintes ervas: o absinto, filipendula umaria, zimbro, manjericão, sálvia, cravo, angelica, alecrim,  marrubium vulgare e cânfora. Valnet deixa estas ervas em vinagre durante seis semanas antes da decantação.

Para um sabor mais leve eu costumo permitir que minhas ervas fiquem em infusão por cerca de uma semana. Herbalistas contemporâneos costumam usar apenas um punhado de ervas: alecrim, sálvia, lavanda, tomilho e hortelã. Cada detentor fitoterapeuta e ávido conhecedor de ervas deve ter a sua própria versão, e abaixo é a minha. Seja criativo com as ervas da sua horta ou canteiro.

Ingredientes:

De preferência utilize ervas que acabaram de ser colhidas para um melhor aproveitamento das suas potências. Uso as que temos plantadas na fazendinha que geralmente são estas:

2 colheres de sopa de lavanda

2 colheres de sopa de manjericão

2 colheres de sopa de sálvia

2 colheres de sopa de  alecrim

2 colheres de sopa de menta

4 dentes de alho amassados

Vinho branco ou vinagre de maçã para cobrir

Modo de preparo:

Muitos herbalistas usam este vinagre como um produto de limpeza para esterilizar superfícies da cozinha e do banheiro. Outros recomendam usá-lo diluído em água como produto de beleza para a pele pela sua ação adstringente. 
Promessas à parte, adoro usá-lo para temperar carnes e saladas misturando com um bom azeite de oliva.

Algumas receitas recomendam que se corte todas as ervas antes de colocá-las de molho no vinagre. Eu prefiro colocá-las inteiras na garrafa, cobrir com o vinagre e deixar assim bem fechada por uma semana.

No final de uma semana use um coador para colher as ervas e as descarte. Guarde o vinagre fechado em temperatura ambiente.

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