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Friday, December 6, 2013

Cozinhando em viagens

Em 2011 passamos dez dias em Paris com os meus sogros. Meu sogro programou toda a viagem, inclusive alugou um apê muito charmoso para todos nós na Rue St. Paul. Esta foi a minha primeira viagem para Paris onde eu finalmente conheci Créteil, a cidade onde o Antonio viveu parte da infância e dona das histórias mais nostálgicas e felizes da memória de um menino de 10 anos. É claro que eu havia achado super legal ficar em um apartamento com cozinha completa em vez de um quarto de hotel com apenas frigobar (ou nem isso dependendo do quarto de hotel), mas na época minha cabeça só conseguia pensar que a Paris imaginária iria enfim conhecer a Paris real, o ar francês que inspirou Séraphine Louis ♥ e que bem do lado do nosso apê havia uma boulangerie modesta, mas que guardava os melhores folhados e a melhor interpretação de pizza do planeta: sobre um brioche. O que eu não sabia ainda era que esta experiência bastante cômoda e econômica de ter panelas a disposição ia se tornar um pré-requisito na hora de viajar com as crianças, principalmente aqui nos EUA.
Quando fomos para a Flórida por exemplo, em uma viagem que levou dois dias de carro, levei duas caixas com produtos essenciais e que não estragariam sem refrigeração e que eu sabia que não iria encontrar na cozinha do apartamento que alugamos (sal marinho, azeite extra virgem, açúcar mascavo, café, macarrão, frutas, arroz, e por ai vai), além de comidas para os dois dias de viagem no carro (frutas, sanduíches, hummus, tomates, pão de queijo caseiro, bolo de banana, etc). Eu me preparei durante a semana cozinhando e congelando o que dava e que seria consumido no carro (bolos congelam bem e agradam a todos), e valeu a pena porque saímos na hora sem atrasos, economizamos uma grana na estrada e em paradas, fazendo uma única no primeiro dia para almoçar em uma casa de sopas, pães e saladas.
Para esta nossa última viagem à Califórnia eu não me preocupei em demasia porque sabia que teria uma cozinha mais completa ainda esperando por nós. Então me ocupei com o que levar para lanchar no aeroporto e avião, até porque comida de aeroporto é ruim e cara. E novamente foi uma beleza porque nós demos conta de tudo: frutas, pipocas, sandubas, granolas... seria só chegar e passar no supermercado para abastecer a geladeira para a semana. Acontece que os imprevistos estão aí para nos desafiar. Trazer equilibrium. Cecília amanheceu com febre e passou a viagem toda mamando e dormindo, o que me preocupou pacas, e como se não bastasse o vôo demorou além do normal por causa dos ventos fortes. Cheguei exausta e só conseguia pensar que eu não tinha forças para ir ao mercado. Esgotada. Naquela noite jantamos pizza e decidimos deixar as compras para o dia seguinte, quem teria arriscado dirigir naquela escuridão cansada depois de um dia todo viajando? E foi a decisão mais sábia. Há dias em que as pizzas salvam, sacam? No dia seguinte fiz uma compra básica para o baião levando em conta os nossos dez dias de visita, os utensílios disponíveis e o gosto da turma. A nossa lista ficou mais ou menos assim:
Leite integral in natura
Kefir
Ovos
Galinha
Carne
Pão (com apenas quatro ingredientes e todos REAIS, como feito em casa, sem bromato ou qualquer outro lixo, gotta love CA)
Queijo fresco in natura
Manteiga
Frutas
Verduras
Arroz
Caldo de frango lindo (também com ingredientes verdadeiros puros e nutritivos)
Macarrão
Molho de tomate
Barra de cereal de arroz para as crianças (um agrado para os dias de passeio)
Biscoitos salgados (outro agrado também com o mínimo de ingredientes já que eles não comem em casa)

Os meus dias se dividiam em dois tipos: dias de passeio na cidade em que estávamos hospedados, Mountain View, e dias em São Francisco.
Nos dias de passeio pela redondeza eu ficava por conta de preparar as três refeições. O trivial. Deixava para comer fora quando ia para SF e assim mesmo apenas uma refeição. Teve dia de arroz com feijão e salada. Dia de galinha assada com vegetais e purê. Sopa de legumes com pedaços de peito. Macarrão com tomates cereja e salada. Carne refogada com legumes. Carne de panela com cenoura e arroz. Tudo muito simples e fácil de preparar. Para mim é importante que eles sentem e comam bem antes de um passeio longo. É importante comer com uma certa calma e tranquilidade (um desafio por conta das personalidades do quinteto e suas idades) e, sendo assim,  eu não me aborreço nem um pouco por deixar de comer fora neste momento em que a Cecília só quer saber de correr ao redor da mesa, jogar comida no chão, sentar no meu colo e tomar posse do meu garfo... Afinal, o importante é manter, na medida do possível, uma alimentação mais próxima da que temos em casa e neste sentindo a Califórnia foi nota dez, pois tudo é regional, fresco, a variedade de produtos orgânicos e integrais é muito maior, de inspirar qualquer aprendiz de cozinheiro. :-)

[Assim que publiquei este post pipocou na minha ttimeline do Face uma postagem muito muito bacana e bem detalhada do blog 100daysofrealfood sobre lanches para trazer na viagem, confiram aqui.]

{exceções que eu abro quando estamos fora: feijão enlatado e caldo de frango}

{mini maçãs heirloom que as crianças adoraram}

{pequena ceia na noite do thathanksgiving: purê de abóbora, batata doce com passas, arroz, vagem e brócolis}

{famosa e saborosa one pot pasta}

{piquenique com frutas, biscoitos salgados e água}

{saboreando o seu Ben&Jerry's de chocolate e baunilha}

{porta lanches, pratos e guardanapos que nós usamos demais feitos por mim}

{nossa cozinha emprestada} 

2 comments:

  1. Alimentação saudável em viagem é sempre um desafio. Vocês tiraram de letra viu! Beijos

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  2. Umn desafio e tanto. Obrigada, Livi. :-)

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